(Tg 4.7-8)
Objetivo do Estudo: Saber que a humanidade tem um inimigo: satanás e sua horda de anjos maus. Também entender quem são eles, quais são seus métodos e esfera de ação, e como nós podemos nos defender.
O estudo numa frase: Satanás é um ser totalmente mau, porém pode ser vencido desde que nos acheguemos a Deus e imponhamos resistência a ele e a seus anjos.
Panorama bíblico: Tiago nos ensina a resistir ao diabo. Essa resistência requer dos cristãos uma vida pautada pelos mandamentos de Deus, que implica sujeição ao Senhor, num ato voluntário de aceitação da vontade de Deus. Portanto, resistir ao diabo não se efetiva em um combate direto contra ele, mas em nos sujeitarmos a Deus e à Sua santa vontade. Quanto mais próximos estivermos de Deus, mais longe de nós estará o maligno.
INTRODUÇÃO
A grande arma de satanás é o descaso das pessoas. Por não conhecer a Verdade negam a existência do diabo, ou vivem totalmente despreocupadas, como se ele não existisse; dão todo o espaço que o inimigo precisa para agir sem ser notado, pois quando somos atacados de surpresa, temos poucas chances de vencer (II Co 2.11).
O fato é que as pessoas têm ignorado largamente os desígnios do diabo. Muitos pintam um retrato mitológico dele, todo vermelho, com chifres e tridente na mão. A Bíblia, ao contrário, diz que ele prefere se apresentar como “anjo de luz” (II Co 11.14). E de fato, agindo às escondidas, ele tem conseguido muitas vitórias.
Por outro lado, alguns crentes prestam mais atenção ao diabo do que em Deus. Atribuem tudo que acontece de tuim ao inimigo. Nosso adversário gosta de estar no centro das atenções. A publicidade o agrada sobremodo, tal como fosse uma homenagem. Achar demônios em toda parte é uma obsessão pessoal que satanás usa como cortina de fumaça, desviando a atenção do verdadeiro plano, que é a corrupção espiritual.
Como em quase todos os assuntos espirituais, também neste há a necessidade de equilíbrio. Estamos envolvidos numa batalha contra o diabo, pois ele é nosso adversário (I Pe 5.8). A melhor tática nessa guerra é: conheça o inimigo, não o superestime, mas também não o subestime.
I – CARACTERÍSTICAS DO INIMIGO
O primeiro problema é: como conhecer o inimigo? O segredo é primeiro conhecer bem a Deus. Quem é Deus para nós? Um tio celestial, a quem nos dirigimos sempre que precisamos de alguma coisa? Então, o diabo é o mal-humorado cósmico que gosta de estragar tudo. Se Deus é um ser poderoso, mas não todo-poderoso, então o diabo tem quase o mesmo poder que Deus e disputa palmo a palmo com ele. Mas se entendemos que Deus é o único soberano, o todo-poderoso, o incomparável (Is 40.25); o diabo, portanto, só pode ser um usurpador que tenta se beneficiar da graça de Deus, antes que a justiça divina seja executada sobre ele definitivamente.
Hoje em dia, muitos crentes ficam fascinados com revelações de pessoas que praticavam bruxaria, magia negra ou eram satanistas. Pensam que essas pessoas podem nos ensinar a respeito do diabo e concorrem para ouvir suas palestras. Por que acreditaríamos nelas? O diabo é o pai da mentira (Jo 8.44). Quem garante que não as enganou o tempo todo? O mais importante é conhecer bem a Deus e a Sua Palavra, pois as informações que temos na Palavra de Deus são infalíveis e dignas de todo o crédito.
Embora as informações que temos da Escritura a respeito do diabo não sejam muitas, são suficientes para entendermos quem ele é e o que pode fazer. O livro de Jó identifica o diabo como sendo um dos anjos de Deus (Jó 1.6). Pedro e Judas o identificam como um anjo que pecou (II Pe 2.4; Jd 6). Paulo o chama de “o príncipe da potestade do ar” (Ef 2.2). Ele é o governador de um mundo de trevas (Cl 1.13; Lc 22.53). Do ponto de vista de Cristo, o mundo é um território sob o poder do inimigo (Jo 12.31; 14.30; 16.11). Isso significa que, de algum modo, ele conseguiu usurpar o domínio deste mundo. Não é um domínio absoluto, pois o único que está realmente no controle de todas as coisas é Deus. Satanás governa o coração dos homens que se mantêm alienados de Deus. Devemos pensar que ele conseguiu esse “direito” quando convenceu o primeiro homem e a primeira mulher a romper com Deus, passando para o lado dele. É nesse sentido que ele é príncipe deste mundo, pois é o chefe da estrutura mundana que tenta negar a Deus de todas as formas possíveis. Paulo chama satanás de o “deus deste século” (II Co 4.4), pois dita as normas e os valores para vida daqueles que estão distanciados do Deus verdadeiro.
Ele é o comandante dos demônios (Mt 9.34; 25.41; Ef 2.2) Apesar de receber os títulos de príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30; 16.11) e deus deste século (II Co 4.4), não se deve pensar que ele é o chefe de toda a criação divina. É Deus quem está no controle deste mundo como um todo. Satanás controla este mundo mau, o sistema separado de Deus. [1]
II – ESFERA DE ATUAÇÃO
O Apocalipse descreve o diabo como alguém que se revoltou contra Deus e que, juntamente com seus aliados, foi expulso do céu (Ap 12.7-9) e “desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Ap 12.10). Embora esse texto tenha sido escrito em linguagem simbólica, é possível entender que o diabo foi expulso do céu e que está na terra, agindo com toda fúria, pois sabe que seus dias estão contados. É importante entender que satanás e seus anjos estão na terra. Eles não estão no céu, nem no inferno. As figuras mitológicas do diabo como sendo o chefe do inferno não são bíblicas. Tanto o céu quanto o inferno estão sob o controle de Deus, pois o inferno é lugar de punição. O diabo será lançado no Lago de Fogo que é o inferno definitivo, após a segunda vinda de Cristo (Ap 20.10). Até lá, ele age neste mundo, ferozmente, sabendo que seu tempo não é muito longo.
É preciso considerar qual é a liberdade que ele tem de ação neste mundo. Não é uma liberdade ilimitada, pois Deus lhe impôs sérias restrições. Ainda no AT, quando satanás quis colocar Jó à prova, precisou da expressa autorização de Deus para tocar em Jó (Jó 1.12; 2.6). O NT deixa ainda mais claro que existem pesadas restrições sobre o inimigo. Jesus disse que Sua vinda foi uma atitude de “amarrar o valente” e por causa disso podia saquear sua casa (Mt 12.29).
Mediante sua morte e ressurreição Jesus impôs uma derrota definitiva a satanás. Em Colossenses Paulo descreve os efeitos da obra de Jesus (Cl 2.15). E o autor de Hebreus diz que ele foi destruído (Hb 2.14).
O diabo, ainda, não foi totalmente destruído, nem totalmente impedido de agir. A obra de Jesus na cruz já impôs a derrota, mas ainda falta a capitulação final. Ele já está derrotado, mas ainda tem alguns dias para agir (Ap 20.1-3). Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo. Alguns olham para esse texto e pensam que está falando de um milênio futuro, depois da vinda de Jesus. Acreditamos que o texto não esteja falando disso, mas justamente do que já está acontecendo desde a morte e a ressurreição de Jesus. João descreve, de forma simbólica, o aprisionamento de satanás. Mil anos representam um tempo completo e entendemos que é uma referência ao intervalo entre a primeira e a segunda vinda de Jesus. Satanás está impedido apenas de enganar as nações, ou seja, ele não pode impedir que o evangelho seja pregado em todas as nações. Um pouco antes do fim ele é solto e terá uma liberdade maior para agir. Então, neste exato momento, ele está na terra com certas restrições de Deus para agir.
É evidente que todo o poder que ele pode demonstrar depende de uma permissão divina. Mesmo que ele não queira admitir, o diabo é uma ferramenta nas mãos de Deus. Como um homem pode usar um cão bravo, Deus usa satanás para disciplinar o mundo. A Bíblia diz que os demônios estão acorrentados (Jd 6; Mt 25.41; Ap 20.10). Isso significa que há limitações impostas sobre eles.
III – MÉTODOS MALIGNOS
Pedro o chama de adversário (I Pe 5.8). Satanás é um ser mau, seguido por uma hoste dotada de maldade inimaginável. São cruéis e são nossos inimigos.
É preciso lembrar que ele está aprisionado, ou seja, não tem toda liberdade para agir, mas tem alguma liberdade. Feiúra não é necessariamente uma característica dele (II Co 11.14). Sua maior arma é se parecer ao máximo com o que é verdadeiro. Seus falsos mestres se apresentam disfarçados como ovelhas (Mt 7.15). É dito que ele pode:
Uma das afirmações mais espantosas sobre satanás é que ele “detém (detinha) o poder da morte” (Hb 2.14). Isso não quer dizer que ele é o que decide quem morre ou deixa de morrer. Essa é uma prerrogativa divina. O texto está dizendo é que por causa do pecado a morte entrou no mundo. Satanás foi o instrumento pelo qual a morte entrou, então, nesse sentido, ele detinha o poder da morte. Contudo, por meio do sacrifício de Jesus, satanás perdeu esse poder, pelo menos na vida dos salvos. Ainda assim, o mundo inteiro jaz no maligno (I Jo 5.19). Ele vê o crente como um fugitivo de seu império (Cl 1.13). Ele pode operar por meio de desejos inocentes (Gn 3.6; Lc 4.2-3) de conselhos bem intencionados (Mt 16.22-23) e tem seus servos até dentro da igreja (Mt 13.38).
Ele concentra toda a sua força na tentativa de desacreditar a Bíblia, ou no mínimo de deixá-la de lado.
Satanás e seus anjos aparentemente formam um exército com algum senso de organização (Ef 6.12). Parece haver uma espécie de hierarquia sugerida pelos termos “principados, potestades, dominadores, forças espirituais”. O AT já sugeria alguma hierarquia maligna. O livro de Daniel fala de alguns “príncipes” que provavelmente não sejam pessoas humanas, e que dominavam certas regiões do mundo antigo (Dn 10.13, 20). Esses príncipes resistiram o mensageiro de Deus que fora enviado a Daniel, mas o príncipe do povo de Israel, identificado como o arcanjo Miguel, saiu em socorro do mensageiro (Dn 10.21).
IV – COMO VENCER O INIMIGO
Às vezes se diz que “a melhor defesa é o ataque”. É esse princípio tirado do senso comum que constitui a melhor estratégia na batalha contra o inimigo.
A palavra de ordem é: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus, mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).
A conversão nos coloca no centro de uma batalha da qual não podemos fugir (Ef 6.10-12). Mas as coisas não serão fáceis, pois uma guerra sem tréguas se torna a realidade do cristão. Paulo diz que o inimigo usa “ciladas” para apanhar os crentes (Ef 6.11). Uma cilada é uma espécie de “armadilha”. É um engano engenhoso que faz com que as pessoas caiam sem perceber. Paulo fala sobre o “laço do diabo” (I Tm 3.7; II Tm 2.25-26). O engano, portanto, é sua principal tática de guerra. Paulo nos dá recomendações (Ef 6.13-18) para vencer o inimigo, na seguinte ordem:
- precisamos nos fortalecer no Senhor.
- precisamos entender que estamos em meio a uma batalha contra inimigos que não são de “carne e sangue”.
- precisamos entender que estes inimigos jogam sujo e não desistem facilmente.
- precisamos nos revestir da armadura de Deus para enfrentar este combate.
É preciso conhecer bem e usar bem a armadura de Deus composta de virtudes espirituais. Podemos dividir essa armadura em sete partes:
1) O cinto da verdade aponta para a segurança baseada não em falsas ilusões, mas na sinceridade e na certeza da verdade que é o próprio Jesus (Jo 14.6).
2) Vestir a couraça da justiça aponta para a necessidade de se viver aquilo que se crê, ou seja, a necessidade da vida justa.
3) Calçar os pés com o Evangelho só pode significar firmeza no Evangelho e prontidão para anunciá-lo.
4) Embraçar o escudo da fé é usá-la como uma defesa contra os dardos malignos que induzem a pensamentos de dúvida, de rebeldia, de malícia etc.
5) O capacete da Salvação mostra que nossa cabeça está segura e não poderemos ser feridos mortalmente.
6) A Espada da Palavra parece ser a única arma que serve tanto para defesa quanto para ataque. De fato, foi a Palavra a arma que Jesus usou para se defender da tentação de satanás (Mt 4).
7) E a oração, embora não apareça como um aspecto específico da armadura pode indicar a maneira como cada uma das peças da armadura deve ser vestida e utilizada. Essa armadura não tem defesa para as costas, talvez porque o inimigo precisa ser encarado de frente, na força de Deus, para que não sejamos atingidos no calcanhar de Aquiles.
Numa guerra a vitória só vem com muita dedicação, com treino e com luta. Não existe passe de mágica, existe o fortalecimento do Senhor e o uso da armadura.
CONCLUSÃO
Não devemos nem superestimar, nem subestimar o inimigo. Isso significa que devemos manter uma visão bíblica dele, entendendo que é um ser mau que aproveita as brechas para destruir, mas que está limitado pelo poder de Deus. O segredo da vitória contra o inimigo é se aproximar mais de Deus. O mundo jaz no maligno, mas ele não pode tocar aqueles que são guardados por Deus (I Jo 5.18-19).
APLICAÇÃO / REFLEXÃO
Faça uma vistoria de sua armadura espiritual. Há brechas nela? De que forma você tem considerado o inimigo.
31-01-2011 14:06:38